Caras e caros condeixenses,
Dizia Nelson Mandela que “a coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre ele”. É, pois, com esse pensamento que encabeço a candidatura do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Condeixa. Sou o rosto mais visível de um projeto ambicioso, suportado por gente de coragem. Gente que ousa desafiar os poderes instituídos, que não cede a ameaças, nem a pressões, que luta por uma causa maior: a defesa da Democracia no nosso concelho.
Depois de tantos contatos feitos, depois de tantas horas de conversa, depois de ouvir e sentir o descontentamento e o desejo de participar – mas, e sempre o “mas” (leia-se, o medo de participar) - a decisão só podia ser a de emprestar a cara, o nome e a alma a um projeto e a uma equipa que se apresenta como uma verdadeira alternativa de poder.
No nosso concelho, renascem formas de fazer política com laivos de uma cultura pidesca, castradora das liberdades e direitos outrora conquistados. Não me resigno a fazer vida ativa num concelho, cuja atividade política se desenvolve em torno do medo, do aproveitamento das fragilidades económicas dos seus munícipes e do caciquismo. Um concelho, onde a política se faz quase que por linha sucessória, passando de pai para filho, como se de tratasse de um reinado, com um sucessor já identificado. Recuso-me, pois, a aceitar que o poder político vigente funcione como uma espécie de polvo, controlando todas as instituições e associações do concelho, pressionando e/ou aliciando descaradamente os seus dirigentes e colaboradores. Isto não é Democracia. Isto não é serviço público, é sim abuso de poder, clientelismo e compadrio. Basta!
Da minha parte, fica a certeza de que enquanto:
A) Existirem atropelos vis à democracia, ostracização em razão da bandeira partidária e perseguição;
B) Persistirem os argumentos de que não existem verbas para garantir o acesso de todos os munícipes ao saneamento básico, um direito fundamental;
C) Permanecerem, sem solução à vista, os complexos problemas ambientais;
D) Existirem cidadãos ou cidadãs de 1ª e 2ª categoria;
E) A política para os idosos e para as crianças do concelho se cingir a um conjunto de iniciativas diversas e avulsas, sem qualquer plano estratégico;
F) A autarquia for governada numa lógica de prepotência, de fechamento e de pouco interesse público;
G) Existirem avultadas verbas afetas a diversas festividades, (incluindo os famosos porcos no espeto) e patrocínios aos amigos;
Eu estarei na oposição! Continuarei na luta por um concelho mais justo, mais humano, mais coeso e mais democrático! Uma luta que abracei desde há alguns anos a esta parte, quando participei nas Autárquicas de 2009 e, mais intensamente, quando, em 2013, me tornei deputada municipal, pelo BE.
Sempre estive e sempre estivemos ativos politicamente. Nas reuniões, no âmbito do nosso estatuto de oposição, nas diversas assembleias municipais ou em outras tantas ocasiões, sempre nos batemos por respostas plausíveis aos problemas dos nossos concidadãos e sempre apresentámos propostas concretas. Vejamos: o caso Indoliva; do trânsito e atravessamento no IC2; a situação das ETAR; a cobertura do saneamento básico no concelho; as questões de mobilidade e dos transportes; as questões ambientais (como os maus cheiros na Quinta do Barroso); as propostas para a eficiência energética; o combate à precaridade laboral; o controlo e fiscalização dos ajustes diretos; as políticas fiscais mais amigas dos munícipes; o Hospital Fundação Ana Laboreiro D’Eça; e tantos outros.
Estivemos sempre na linha da frente, criticando aquilo que o Presidente da Câmara apelida de governação criativa mas que, do nosso ponto de vista, se cinge a um conjunto de medidas avulsas com resultados questionáveis. Foram quatro anos na passadeira da fama, quatro anos marcados por um largo conjunto de medidas propagandísticas, cujos resultados visíveis são, até à data, meras notícias de jornal, sem efeitos práticos para as populações de Condeixa.
E perguntar-me-ão: mas o concelho não melhorou nada nestes quatro anos?
É certo que haverá aspetos positivos a destacar, mas não tenho dúvidas em afirmar: fica muito aquém do expectável para um executivo que se diz de esquerda.
Bem sei que a democracia dá trabalho. A famigerada Gerigonça é disso exemplo, sendo uma solução governativa que exige constante negociação e encontro de vontades. Mas também sei que é a única garantia do sucesso. Esta candidatura, do
Bloco de Esquerda Condeixa, assenta numa lógica construtiva, que aponta caminhos, sem nunca descurar o seu papel fiscalizador. Somos uma força viva que fará a diferença.
É desta forma que nos apresentamos às próximas eleições autárquicas, com o objetivo de pôr fim ao ciclo de poder do Partido Socialista na Câmara e de contribuir para uma viragem à esquerda, a partir de uma nova maioria, plural. A prioridade dessa maioria será a resposta à emergência social vivida no concelho. Para isso, o Bloco pretende alcançar a eleição de um vereador e reforçar a sua representação na Assembleia Municipal. Essa presença é a garantia de uma coerência à esquerda na autarquia.
O Bloco viabilizará, na Câmara, todas as decisões que sejam coerentes com o seu programa e com os princípios de uma gestão municipal democrática e à esquerda. Defendemos, para o nosso município, um plano de desenvolvimento estratégico, devidamente inserido numa lógica de coesão territorial concelhia, que não se coaduna com experimentalismos.
Devolveremos a política às pessoas. Contra a precariedade; pelo emprego e com direitos; pelos direitos sociais, seja no acesso à habitação, à saúde, à educação, à cultura, ao desporto ou ao lazer; lutando pela igualdade de género; contra a exclusão social; garantindo que a mobilidade e os transportes chegam a todo o concelho, bem como o saneamento básico; protegendo o ambiente e promovendo a qualidade de vida; valorizando o território em prol das suas populações.
São estes os traços gerais de um projeto que está a crescer e que não vai parar.
Contamos contigo!
Gisela Martins, candidata do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Condeixa
Texto de apresentação à população, distribuído em 24 de Julho de 2017
Sem comentários:
Enviar um comentário